Seus beijos ainda ficarão marcados na minha boca, minhas mãos vão sentir faltas do abrigo das tuas nas noites frias, meu corpo vai pedir teu colo no fim de tarde, e talvez meu coração chore seu nome baixinho ao dormir. Meus olhos buscarão você em algumas pessoas no mercado, no parque, no colégio e nos textos. Meus ouvidos ouvirão sua voz na casa do lado, na música, em algum filme que seja. E é por essas e outras que eu prefiro deixar tudo como está. Aquela história que o tempo resolve eu sei que é mentira, mas talvez, só dessa vez, eu ande esperando que ele tenha algum resultado. Tic tac, muitos problemas, tic tac, nenhum resolvido. Esse tic tac se tornou nossa música tema. Daqui a pouco marcará meia noite, a música muda, vai dar o alerta, será o fim... de mais um dia. Talvez do nosso.
Mais meia hora se passa, ás vezes penso que o relógio está se adiantando, outras acho que está atrasado demais. Já tentei tantas vezes escondê-lo, fingir que não é preciso marcar cada tempo que se passa, deixar as coisas como estão, mas o tic tac sempre grita mais alto. Tic tac, você precisa tomar uma decisão, tic tac, seja breve. Mas o relógio não me ajuda, o tic tac é sempre o mesmo. O agoniante tic tac não dá folga, então resolvo fugir. Com músicas altas, fugas longas e solidão eu tento me esconder. Até de mim. Tento ao máximo me deixar escondidinha no meio da bagunça que vivo pra ver se adio cada vez mais meu encontro. Com a minha chegada terá a sua partida, e talvez não precise ser agora.
A porta ficou aberta, então quem sabe seja sua vez de ir. Todo mundo um dia vai embora, mesmo não querendo, o adeus uma hora ou outra virá, e o tic tac tá contando o seu tempo. Tic tac, já é tarde, tic tac, deixe ir. E se eu quiser de volta? Não há boomerangs aqui, não há volta depois de um fim, e isso me amedronta. Numa tarde de domingo irei lembrar teu cheiro, teu cabelo, tua voz, e aí o tic tac ensurdecedor vai me fazer chorar. E eu não quero mais chorar por ninguém. Nem por mim. Fecho a porta querendo fingir que a janela não ficou aberta e que o vento não abriu de novo a porta recém fechada. Escondo meus medos, deixo minhas dúvidas dentro dos potes e no minuto que você chega elas fazem questão de sair e invadir-nos em cheio. Me invadir. A porta continua aberta, mas você só anda vendo meus olhos e não reparou. As dúvidas te rodeam, mas você não as ouve porque está me ouvindo te contar da minha semana.
Aí aparece meus medos, que de fininho sobem no sofá e puxam nossos pés. Os meus. Tentam subir no teu sapato, mas você balança eles a todo momento enquanto me ouve rir de alguma piada boba sua. Tem umas lágrimas rondando nossos rostos, no meu. Elas tentam alojar-se no seu, mas esse tem um sorriso tão brilhante que as repelem. O frio vem soprado da janela com força, me atinge em cheio, mesmo ali, embaixo de cobertas e com você, sinto meu corpo tremer. O vento gelado não toca teu corpo, que parece sempre aquecido pelo meu. E finalmente o tic tac, o enorme relógio da sala começa a bater, cada tic tac eu sinto batendo no meu peito. Eles se aproximam de nós, com medo tento me esconder nos teus braços, mas eles sempre me alcançam. Tentam e tentam invadir-te, mas você e o seu escudo de amar não deixam entrar. E aí vejo onde está o meu problema, eu nunca tive essa defesa.
Tic tac, tic tac... Já é quase meia noite e a porta ainda não fechou.
Desculpem a ausência, meu net estragou e eu perdi meus textos. Então tá aí um escrito meio sem sentido num domingo qualquer.
2 comentários:
Poxa, isso é escrever sem sentido? Imagina quando for com sentido então, porque esse já foi ótimo. ^^
Simplesmente perfeito! É tudo o que estou sentindo agora! =D
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