agosto 12, 2012

Tic Tac


Seus beijos ainda ficarão marcados na minha boca, minhas mãos vão sentir faltas do abrigo das tuas nas noites frias, meu corpo vai pedir teu colo no fim de tarde, e talvez meu coração chore seu nome baixinho ao dormir. Meus olhos buscarão você em algumas pessoas no mercado, no parque, no colégio e nos textos. Meus ouvidos ouvirão sua voz na casa do lado, na música, em algum filme que seja. E é por essas e outras que eu prefiro deixar tudo como está. Aquela história que o tempo resolve eu sei que é mentira, mas talvez, só dessa vez, eu ande esperando que ele tenha algum resultado. Tic tac, muitos problemas, tic tac, nenhum resolvido. Esse tic tac se tornou nossa música tema. Daqui a pouco marcará meia noite, a música muda, vai dar o alerta, será o fim... de mais um dia. Talvez do nosso. 
Mais meia hora se passa, ás vezes penso que o relógio está se adiantando, outras acho que está atrasado demais. Já tentei tantas vezes escondê-lo, fingir que não é preciso marcar cada tempo que se passa, deixar as coisas como estão, mas o tic tac sempre grita mais alto. Tic tac, você precisa tomar uma decisão, tic tac, seja breve. Mas o relógio não me ajuda, o tic tac é sempre o mesmo. O agoniante tic tac não dá folga, então resolvo fugir. Com músicas altas, fugas longas e solidão eu tento me esconder. Até de mim. Tento ao máximo me deixar escondidinha no meio da bagunça que vivo pra ver se adio cada vez mais meu encontro. Com a minha chegada terá a sua partida, e talvez não precise ser agora. 
A porta ficou aberta, então quem sabe seja sua vez de ir. Todo mundo um dia vai embora, mesmo não querendo, o adeus uma hora ou outra virá, e o tic tac tá contando o seu tempo. Tic tac, já é tarde, tic tac, deixe ir. E se eu quiser de volta? Não há boomerangs aqui, não há volta depois de um fim, e isso me amedronta. Numa tarde de domingo irei lembrar teu cheiro, teu cabelo, tua voz, e aí o tic tac ensurdecedor vai me fazer chorar. E eu não quero mais chorar por ninguém. Nem por mim. Fecho a porta querendo fingir que a janela não ficou aberta e que o vento não abriu de novo a porta recém fechada. Escondo meus medos, deixo minhas dúvidas dentro dos potes e no minuto que você chega elas fazem questão de sair e invadir-nos em cheio. Me invadir. A porta continua aberta, mas você só anda vendo meus olhos e não reparou. As dúvidas te rodeam, mas você não as ouve porque está me ouvindo te contar da minha semana. 
Aí aparece meus medos, que de fininho sobem no sofá e puxam nossos pés. Os meus. Tentam subir no teu sapato, mas você balança eles a todo momento enquanto me ouve rir de alguma piada boba sua. Tem umas lágrimas rondando nossos rostos, no meu. Elas tentam alojar-se no seu, mas esse tem um sorriso tão brilhante que as repelem. O frio vem soprado da janela com força, me atinge em cheio, mesmo ali, embaixo de cobertas e com você, sinto meu corpo tremer. O vento gelado não toca teu corpo, que parece sempre aquecido pelo meu. E finalmente o tic tac, o enorme relógio da sala começa a bater, cada tic tac eu sinto batendo no meu peito. Eles se aproximam de nós, com medo tento me esconder nos teus braços, mas eles sempre me alcançam. Tentam e tentam invadir-te, mas você e o seu escudo de amar não deixam entrar. E aí vejo onde está o meu problema, eu nunca tive essa defesa. 
Tic tac, tic tac... Já é quase meia noite e a porta ainda não fechou. 

Desculpem a ausência, meu net estragou e eu perdi meus textos. Então tá aí um escrito meio sem sentido num domingo qualquer. 

2 comentários:

Lipe disse...

Poxa, isso é escrever sem sentido? Imagina quando for com sentido então, porque esse já foi ótimo. ^^

Anônimo disse...

Simplesmente perfeito! É tudo o que estou sentindo agora! =D