Quero deixar o disco tocando enquanto você vai na cozinha e prepara alguma coisa boba pra gente. Chegar de fininho na soleira da porta, te ver dançando desajeitadamente ao som da música com os olhos fechados. E querer estar ali, nos braços metafóricos que você segura enquanto roda pela mesa e quase esbarra no fogão. Rir baixinho, sem que você perceba.
Para não atrapalhar. Para não acordar.
Quem está agora de olhos fechados sou eu, e imagino nós. Ali mesmo, no meio dessa cozinha pequena e com poucas coisas, um jogo de panelas de três peças e uma dupla de talheres apenas. O jarro de sempre, a mesa de todas-refeições, a tolha bonitinha daquela promoção. E a gente está ali, enquanto a música vem baixinha da sala encher aquele cômodo.
Preenchendo nossos corpos.
Você me puxa pela mão.
Surpresa abro os olhos.
Estamos ambos dançando entre a mesa da cozinha, trombando na tampa do fogão e quase derrubando a panela do balcão.
A música já acabou faz tempo, mas aqui dentro ainda bate um ritmo único.
Se o tempo nos impede de postar o de sempre, que eu possa mergulhar nos meus devaneios e gravá-los aqui, vez ou outra. Vez em sempre. E realizá-los nem que seja nessa folha de papel.
Nenhum comentário:
Postar um comentário