novembro 19, 2013

A cor do laço


I'll pretend that I'm kissing the lips I am missing. And hope that my dreams will come true.*

Hoje mais do que nunca queria materializar-me ao teu lado para te sussurrar assim, como quem não quer nada, que você vale muito. E te abraçar. E segurar a tua mão bem forte. E te olhar no fundo dos olhos e repetir que realmente você vale muito. E continuar assim por toda uma eternidade. Sem falar em beijos, sem falar de amor físico, sem falar de nada disso, porque hoje eu queria mesmo sentir a tua presença do jeito mais profundo que seja possível. Posso? Não se esconde aí dentro dessas tuas camadas de roupas pretas, eu sei que hoje é ainda mais difícil retirar todo esse luto, mas deixa eu tentar te colorir. Não possuo uma paleta de cores muito variadas, também gosto de ficar nesses tons de cinza que você usa, mas não custa a gente tentar colocar um pouco de azul para deixar a vida mais leve. 
Acima de qualquer saudade, das ausências dolorosas nos domingos, nossos odiosos domingos, das memórias enlouquecedoras no meio da tarde enquanto o professor discursava sobre gêneros e todo o blábláblá de sempre, acima disso tudo tem você. Tem você precisando de alguém que esteja aí. E tem eu aqui. E estamos ambos em lados distantes do planeta que nos leva como ímãs, quanto mais se afastam, mais se precisam. E quanto mais perto, mais distantes. Lembrei daquela do Leoni, "porquevocênãocolaemmim?". Mas cola com aquelas colas super bonder mesmo, que é pra você sumir nunca. Que eu te quero aqui para essa e mais outra vida. Vidas. Quantas será que já tivemos? Seremos um desses laços atados em nós que não se separavam entre um e outro nascimento? 
Talvez eu queira realmente te beijar agora, ao te imaginar assim tão próximo. Mas te beijar o coração, para ver se sara a ferida que dói. Te beijar os olhos para que comece a enxergar a vida de uma forma mais bonita, que cure toda essa escuridão que te rodeia. Lembra do colorido? A gente pode tentar usar aqui também. Hoje vamos tentar trocar nossas cores, quem sabe numa mistura a gente não chegue num vermelho vibrante que grite nosso amor. Eu, que nunca usei amarelo, me vi agora rabiscando um sol para que te ilumine mais uma vez. Um sol que brilhe no teu caminho para o trabalho, da faculdade, da vida. E quem sabe até, um sol que brilhe para um caminho nosso. Será que vale? Sempre achei que a gente valia muito. 
Mas continuamos com nossas cores em tons de cinza. Você continua lá e eu permaneço aqui. O texto ainda reside nesse bloco sem voz. A gente continua surdo um para o outro mesmo havendo mil sinais no decorrer dos meses. Concordo que libras é difícil, mas até uma criança sabe que esse aqui é mais um texto teu e que a saudade tá grande demais. E que eu quero te cuidar, mesmo não sabendo cuidar de mim. E que eu quero ter ver, mesmo não sabendo dizer isso. E que, talvez, eu te precise. Não como alguém que precisa do ar para respirar, mas como um laço que precisa de duas pontas para existir. A gente precisa criar o nó. A gente precisa ser nós. 

Um amor bonitinho pra iludir um pouco. Só um pouquinho. 

Um comentário:

Tati disse...

É muito ruim quando um texto diz tudo o que a gente sente? Nessa escuridão toda aqui só lendo teu texto fui perceber que o que falta é colorir a vida de quem me coloriu um dia, mas o preto é maior sabe?

Novembro Inconstante