janeiro 30, 2013

30 de janeiro


Um dia como qualquer outro, uma manhã com ventos frescos, uma tarde quente e uma noite que se aproxima lentamente. A monotonia dos dias ainda sem compromissos marcados, a leveza das horas, a cama desarrumada até agora. Aquela vontade de morar dentro do quarto e criar raízes na cama. O livro na mesa ao lado gritando para mais um capítulo a ser desvendado, mas a mente está atordoada demais para histórias da idade média. Voei para longe, mas continuo nesse século. Continuo no país, mas fugi alguns quilômetros. Porque o dia de hoje é isso, aquela vontade de alguém, de outros lugares e promessas. A vontade doída que nenhum país conhece, só o nosso.
É sentir falta, é dor no coração, é vontade alguém, mas também não é. É saudade. Uma mistura de vontade, dor e nostalgia. Uma coisa só nossa, minha e sua. É aquela lágrima escondida no meio do filme preferido dele, a pontada quando a música grita teu coração em acordes, são as memórias que passam em filme nos minutinhos antes de dormir e trazem aquele aconchego vazio de quem tá longe. Saudade é isso, e não é. Saudade não se escreve em palavras, não se fala em canções e nem se limpa com lágrimas. Saudade gruda na gente igual tatuagem, veste como pele, invade como amor, mas ao mesmo tempo não é nada disso. 
Saudade é o que se sente a cada suspiro longe, é aquela vontade incontrolável de pegar um avião, trem ou metrô e correr contra os minutos para um abraço que seja, é aquela solidão das noites de sexta, sábado e no resto da semana, é a rotina quebrada porque falta você, as palavras repetidas porque não sabem te escrever nada além que a sua presença é necessária aqui e agora. É aquele telefone mudo na mesinha que te encara todos os minutos precisando da tua voz do outro lado dizendo um olá baixinho. Saudade é o que alimenta todos os textos, sejam longos ou curtos, bonitos ou tristes. Porque o alimento da saudade são as memórias que a gente guarda. E as minhas eu guardo aqui. 
Dia 30 de janeiro é o dia da saudade, mas a minha saudade é tua todos os dias. 

3 comentários:

Anônimo disse...

Que coisa linda, meu Deus eu não tenho palavras para isso, trouxe de volta tudo o que estava guardado lá no fundo do coração.
Nunca desanime menina, você escreve com sentimentos, parece que passa para mim o que você estava sentindo no momento em que escreveu.
Parabéns.

Ariana Coimbra disse...

"Saudade é o que alimenta todos os textos, sejam longos ou curtos, bonitos ou tristes. Porque o alimento da saudade são as memórias que a gente guarda."

Li esse texto ouvindo Wonderwall- Jake Coco ( cover) e chorei.
Lembrei de um alguém especial e de vários momentos, ocasiões, detalhes só nossos.
Mas a diferença nisso tudo é que não vão voltar mais. Uma coisa que não entendo, a diferença entre sentir falta e sentir saudade.
Belo texto.

Beijos

Ana Flavya disse...

A saudade é diferente de outros dias que se comemoram, a saudade é todo dia, sem aviso prévio, nem nada.

Gostei, beijos e bom final de semana !