maio 23, 2012

A Despedida


Querido, 
Hoje o dia está bonito. Sim, ainda faz frio, eu sei, e você sabe o quanto eu odeio frio e todas essas coisas relacionadas. Mas você gosta. Não consigo entender isso, como é gostar de uma estação onde temos que vestir inúmeros casacos e meias e calças e luvas e, no fim, ainda estar tremendo. Você disse que gostava porque tinha a mim. É difícil escrever isso, ainda mais agora, mas eu jamais esquecerei disso e também espero que não esqueças. Desculpe o uso do pretérito, acho que já entendera do que se trata. Olhou para o céu? Há nuvens lindas e macias, como pequenos pedaços de algodões. Lembra, eu vivia dizendo isso quando a gente se deitava no gramado do parque. 
Está tocando uma música triste, na verdade ela sempre fora alegre, não quero dizer o nome, você sabe qual, mas hoje até ela entristeceu. Sempre gostei tanto de escrever cartas, você não sabe, mas já escrevi inúmeras para ti. Estavam todas guardadas numa gaveta, até ontem, onde queimei-as. Todas. No final de tudo isso talvez entenda o motivo, ou talvez não, eu também ainda não entendi. Mas hoje, essa carta, é diferente, essa você precisa ler porque não conseguirei dizer. Aí eu já imagino você rindo da minha cara ao imaginar-me assim, nesse estado, não conseguindo te olhar para entregar-lhe um pequeno pedaço de papel rabiscado. Seu sorriso abriria de uma forma magnifíca, afinal, é só uma carta, para que tanto mistério? Você vivia dizendo que eu colocava mistério em tudo. Acho que é mais medo, mas.. Deixa, eu preciso continuar.
Você se lembra daquele dia em que fomos ao cinema e assistimos aquele filme de romance meloso, por eu insistir várias e várias vezes, onde a menina tinha que ir embora? Lembra que eu chorei horrores até depois que já estávamos em casa e disse que era por causa do filme? Bom, e era. E era por nós também. Pensei em riscar o nós e colocar você e eu, mas deixa eu usar pelo menos aqui essa palavra tão bonita. Era bonito, não era? A gente. Sei lá, eu sempre achei que combinássemos pra caramba. Olha aí, tô usando gírias e essas coisas, você sempre disse que deixava meus textos meio "diálogos adolescente". E sou mesmo. Tento, tento e tento esconder essa minha juventude pelas palavras mas não dá, você sempre percebia. 
Na verdade, você sempre percebia tudo. Meu cabelo quando cortava, minha maquiagem quando borrava, minha roupa quando era nova, até nos meus sapatos. Só eu que nunca percebi nada. Nunca enxerguei que te tinha ali, olhava sempre para frente pensando em mim, no meu futuro, na minha vida, e deixava de lado alguém que também fazia parte dela. Você. É feio usar o passado enquanto você ainda não sabe de nada, imagino seu rosto ao ler essas palavras, cada movimento teu, alguma lágrima quem sabe. Eu não suportaria te ver chorar. Nunca tivemos motivos para brigas, e essa nem será uma, é só um adeus. Como eu odeio essa palavra, como eu odeio ter que escrever-te tudo isso. 
O avião partirá cedo, não deixarei horários, não quero que vá ao aeroporto e nem tente qualquer reaproximação, já está difícil demais assim. Desculpe, acima de tudo, por nunca ter realmente deixado meu coração contigo todo esse tempo. E desculpa por ter deixado o teu cair no chão em queda livre nesse exato momento. Espero que um dia encontre alguém que realmente cuide de ti, te valorize e te ame, sabe? Eu vou indo, ainda tenho que terminar de organizar alguns documentos, você sabe como sou extremamente desorganizada e paranóica, "uma combinação louca" como você diria. Jamais esquecerei disso. Nem de você. Te desejo o melhor, do fundo do meu coração, que sempre quis ser seu mas nunca conseguiu.
Um abraço, um beijo e um adeus doído. 
Se cuida. 
Eu.

2 comentários:

Anônimo disse...

Olá Lara, como você se sente hoje? Bom, aqui na minha cidade faz frio, não chove, mas dá aquela vontade de ficar na cama o dia inteiro, como num dia de chuva. Sabe, já disse, seus textos sempre me fazem lembrar algum fato do meu passado. Daquele passado no qual eu odeio lembrar, mas amo sentir aquela sensação de felicidade outra vez. Sabe porque? Desde o ano passado não me sinto mais feliz, desde dezembro do ano passado não me relacionei com mais ninguém, deve estar se perguntando o porque não é? Pois bem, porque eu disse adeus ao sentimento, ou melhor, ao amor. Porque? Bom, sabe quando você gosta, gosta muito de uma pessoa e essa pessoa vai, vem, vai, vem..e não fica, nunca fica? Foi assim que meu relacionamento acabou, eu falei a ele "vai, só vai, mas não volta", e foi assim, ele não me procurou nem eu o procurei. Faz uns dias que eu tento ligar pra ele, mas tenho certeza que ele trocou o número. Mas nem pra me avisar. Meus pais diriam que ele não serve para mim, tinha 21 anos, e eu apenas 16, ele fazia coisas que eu não admitia, enquanto eu estudava ele fumava. Mas é, o amor, ou melhor, a paixão nos pega de uma forma que não conseguimos brigar com a pessoa, e assim eu fiz, conversei, mas ele não consegui mudar, talvez ele se lembre de mim quando estiver doente, e eu, espero estar casada com uma pessoa na qual eu ame. Enfim, outro desabafo. Obrigada. Obrigada novamente por me fazer sentir a felicidade, por me fazer recordar de momentos felizes nos quais passei. Obrigada Lara, por você ser tão maravilhosa, maravilhosa na forma que você escreve, como usa as palavras. EU AMO MUITO, MUITO O SEU BLOG ! ♥ Parabéns, sempre irei ler seu blog. Sempre ! Nunca desative ele, só em extrema necessidade, pois tenho certeza que mais 70,000 pessoas vão ler. E é assim que me digo o meu Adeus hoje ! Beijos.

Marcelo Soares disse...

Oi menina Lara =D

Super difícil isso de despedidas, né? Ainda mais quando percebemos que deixamos algo pra trás que fara, de alguma forma, falta. Acho super difícil perceber que não retribuímos o sentimento a alguém e que, mesmo assim, ela nos ama.

Ps.: Adorei o layout novo do blog, só tou tento uma certa dificuldade para ler os textos, sou meio cegueta e as letras parecem mais claras rsrsrsrsrsrsrsrsrsr


Beijo =D