março 10, 2012

Em busca de um gol


Chega de travesseiros e lágrimas escondidas em chuveiros, tem hora que tudo que a gente precisa é deixar que o grito seja ouvido e as lágrimas sejam derramadas mesmo. Isso, deixa. Vai, pode gritar, estamos todos aqui pra te ouvir. Fala pro mundo qualé o teu problema, que é que tanto te prende aí dentro, vamos menina, tá na sua hora! E eu me pergunto: quando é que chegará a minha vez? Não, eu não falo aqui de gritar nem de chorar, quero saber da minha hora de conseguir finalmente fazer com que o grito, que eu ando gritando a anos, consiga ser ouvido pelo mundo e atendido pela vida. Estou atrasada, tenho pressa, por favor, apresse-se e tragam-me os resultados. Perdi o primeiro tempo, eu sei, mas tenho chances de ganhar o segundo, não tenho?
Perguntei para o doutor se é algo grave, se mesmo que eu perca a partida eu terei chances de marcar um próximo jogo, ele disse que é provável que sim, mas há também certas chances negativas... Ô doutor, assim o senhor me deixa com medo! Quero conseguir me levantar depois da queda, eu sei que fiquei em coma por quase um mês devido a esse primeiro tempo, mas vou tentar melhorar, eu juro. Talvez agora, depois de ter caído tanto, eu consiga me recompor mais rápido. É psicóloga, eu sei que isso vai me trazer sequelas emocionais no futuro, eu sinto uma delas me machucando agora, esse negócio de engolir os problemas e fingir que não liga não dá muito certo vendo por esse lado, mas tô atrasada e a vida não espera. É preciso aceitar qualquer negócio. 
O jogo está ruim pra mim, mal começamos e já estou cansada com vontade de ir para o banco. Onde está a minha reserva? Cadê o tal do dublê pra essas cenas difíceis? No meu contrato não tava escrito nada disso não moço! Acho que não aguento um novo jogo, talvez nem consiga terminar esse. A marcação tá cerrada, o corpo dói, a cabeça pede trégua e eu quero dormir. Só dormir. Me deixa aqui meio perdida nesse gramado gigantesco, não me importo com as luzes acesas, pode deixar. Só me deixa agora. Quero um tempo Juíz, pode ser? Falo contigo todo dia antes de adormecer e sempre que passo na frente da Tua casa, me dá uma brecha. Eu juro que volto antes do segundo tempo acabar. Tô atrasada, Teu relógio é sempre adiantado, mas minha alma tá precisando.
Pergunto-me, a cada chute, por que é que resolvi entrar nessa. Por que hein? Porque logo num jogo, cê sabe que eu odeio esportes e acho algo extremamente idiota correr atrás de uma bola. É só uma bola. É só o meu futuro que cada dia chego mais perto e dou chutes para que ele nunca me alcance e faça com que eu sempre busque-o. E lá vou eu correndo mais milhas e milhas. É só mais um ano. Mais uma milha. É só mais um erro. Mais um chute na trave. É só mais uma dor. Mais uma queda no gramado. É só mais um erro. Mais uma falta. Se eu continuar assim o Juíz me dá cartão vermelho, não posso ser expulsa, não agora que eu resolvi jogar para o time da vida. Tá empatado, zero a zero, quem sabe hoje eu não marco um gol e encaminho meu futuro pra direção certa? 

Não fui com a cara desse texto, mas enfim... Tá precisando de um gol também? Beijos no coração!

Um comentário:

Gabriela Freitas disse...

To precisando de um super gol, mas a bola anda bem longe da rede.
Não sou boa em ignorar as dores, o que machuca, ai acabo fingindo que tá bem, mas fingir pra gente é meio difícil.

Saudades de você no nova perspectiva.