dezembro 17, 2015

Juramento


Estamos na fase do nunca mais. Nunca mais deixar que a música toque e não tenha nenhum site aleatório jogando informações inúteis. Nunca mais um bloco de notas, apenas, jogado no canto da tela. Nunca mais uma escrita livre, sem normas e modelos a serem seguidos correu por esse teclado. Nunca mais libertar o que está dentro, sem esconder a lágrima que escorreu no canto direito. Nunca mais definir com pontos bem marcados as dores dos dias. Nunca mais. E por que? 
Nunca mais ser livre. Nunca mais ser eu. Nunca mais ser. Porque vivo entre palavras já escritas, livros já publicados, e palavras que nunca foram minhas. Quero essas, que saem sem sentido numa noite qualquer. O sites estão fechados, a música continua alta e repetitiva, o bloco de notas sempre ao canto. E eu, mais uma vez, sentada neste mesmo quarto a escrever algo que esvazie o vazio, preencha o lotado. 
Vivo em paradoxos. Há tantas palavras, tantos livros, tantas falas, e eu aqui, sempre tão quieta, tão muda. Tão longe de mim. Por que? E novamente, por que? Por que se afastar tanto do que sou? Por que optar por caminhos que não são meus? Sigo trilhas gastas de passos alheios e deixo de criar aquele caminho que sempre sonhara. Leio palavras de terceiros e deixo de escrever as minhas próprias. Mas nada preenche. Nada me esvazia. Nada me completa. 
Pois, repito, sou completa aqui. Sou completa nesses desconexos que escrevo e reescrevo. Nesses textos que escondo tanta coisa, e fica sempre uma repetição de mim. Mas continuo aqui. Continua faltando sempre que deixo de vir. A visita fica marcada como não feita, e a ausência faz presença. A saudade, tão conhecida, dói ainda mais quando é daqui. Me loto de juramentos, e de novo, juro que volto. E prometo, mais uma vez e sempre, que as palavras estarão sempre comigo. 

Desculpe a ausência. 
Eu sempre volto.

Um comentário:

NELSONPOA disse...

Li o texto de 2012 e este agora, são muito parecidos e talvez queiram dizer a mesma coisa, não sei, mas vejo muita poesia no ar. A poesia bota para fora aquilo que não conseguimos dizer o que sentimos e tudo que nos perturba e nos aflige.
Não sou poeta, mas tenho um blogue fala de realidade:
Www.nelsonpoa.blogspot.com