janeiro 02, 2013

Dois mil e doze peças



Já é janeiro. Ontem mesmo estava criando roteiros do meu último ano, imaginando como torná-lo o melhor ano da minha vida, pedindo para a primeira estrela da virada aquele segredo, fazendo a lista de promessas para o ano que vinha. Veio. E passou. A estrela ouviu meu pedido, tornou meu ano o melhor que pudera ser. O início meio turbulento, uma vontade imensa de gritar toda a noite ao céu e relembrar que eu tive um pedido que não estava nem perto de ser realizado. Aquela coisa de querer voltar no tempo e reforçar a ideia, para que tudo começasse a dar certo. Mas estava tudo se ajeitando sem eu nem perceber. Com o passar dos meses cada peça fora se juntando, algumas que estavam escondidas alguns anos embaixo do tapete vieram e completaram o espaço que sempre faltou. Ainda tem partes faltando, mas essa parte deixo para que a próxima estrela me ajude a juntar. Traz de volta a peça que falta, estrela. O pedido já foi feito. 
Quando estava já na metade do quebra cabeça deu uma vontade de esquecer todas as outras peças e desistir. Vontade de ignorar o futuro e procurar embaixo de todos os tapetes e móveis a bendita peça, mesmo que nem encaixasse mais com o resto, só pra ver se encaixava em mim. Mas a peça continuou escondida e os meses foram passando trazendo outras que se encaixam nos cantos que faltavam. Tinha aquelas que precisavam de um pouco de tempo, que faltava um molde correto para conseguirem se fixar, mas que no último minuto já estavam aqui, presas em mim. E cada peça correspondente a essa vinha agora com facilidade, e quando demorava fazia falta. Tantas fazem falta agora... Tem várias lacunas que talvez sejam preenchidas ao passar dos próximos meses, mas sei que algumas continuarão vazias. Por mais que haja tantas e tantas peças, teve gente que fez falta e não veio. Mas quem veio ficou marcado aqui, e para sempre marcará o ano doce que se fora. 
Dois mil e doce, chamei-o assim no minuto que começara. E fora doce dos seus inúmeros jeitos. Teve seu jeito pouco doce de me ensinar a viver, dar a lição que a gente precisa para seguir em frente. Trouxera o doce do amor de tantas formas que quase enjoou. Mas amor não enjoa, deixou até saudade. Uma saudade nada doce, no começo tão amarga que quase duvidei da estrela, porém ela me ouviu e não havia nada mais que pudesse fazer do que agradecer. Afinal, tudo que é muito não faz bem, ainda mais quando se é doce. O amargo da saudade não o estragou, deixou-o ainda melhor. Tão melhor que vieram em dobro, meses depois resolvera aparecer para preencher talvez as lacunas que faltavam. Conseguiu suavizar o vazio. Os dias já não eram tão difíceis, os sorrisos se tornaram mais fáceis, o riso era presente sempre, a saudade falava baixinho só pra mim. 
A semana corria tão bem... até que chega as "últimas". Últimas vezes que iria para a escola, vestir o velho uniforme feio e reclamar dos professores; última vez que veria todos os amigos reunidos, no intervalo, na troca de aula, nos corredores querendo perder tempo das aulas; últimas festas, encontros e bebedeiras; últimas peças para juntar. Últimas pessoas para moldar, cada uma no seu lugar, últimos abraços e últimos beijos. Tudo que é último dói. E dói ter que dizer que talvez tenha sido um último adeus para a maioria delas naquela noite de festa. Cada uma que fez parte desse ano está aqui perfeitamente encaixada nesse quebra cabeça do ano mais doce que já tive. Cada qual com seu lugar, com o seu valor e espaço. Não tem volta, portanto sempre estarão gravadas aqui, em mim. Há lacunas que o tempo me ensinará a preencher, trará pessoas de volta ou colocará novas em seu lugar, mas isso é história para o próximo ano.

Adeus 2012, que 2013 traga só sorrisos! 

2 comentários:

Carol Schittini disse...

Ei, Lara! Quanto tempo que eu não vinha aqui, mas pelo que eu pude notar, você continua escrevendo maravilhosamente bem. Parabéns!
OBS: gostaria de saber como faço para colocar a barrinha embaixo dos textos com o "curtir" do facebook, etc. Me ensina? Tô escrevendo bastante agora. Beijos!

Gleanne Rodrigues disse...

Que texto lindo, menina. Parabéns! Me identifiquei demais com esse 'dois mil e doce'. Mesmo que já seja fevereiro, acho que ainda tô naquela nostalgia de ano novo...
Beijos!
http://gleannerodrigues.blogspot.com.br