janeiro 10, 2013

Teus olhos



Sempre gostei muito de olhos, sendo eles claros ou escuros, acho que cada um tem seu brilho e profundidade magnífico. Os azuis, mergulháveis mares. Os verdes, da ressaca de Capitu. Os castanhos, uma terra sem fim. Cada um com sua beleza, cada um com um mundo dentro. Hoje quero dizer do meu mundo dentro dos teus olhos. A vida que levo aí dentro de você. Dos teus olhos mergulháveis de ressaca numa terra sem fim, uma mistura de cores e profundidades, os olhos que me afogam e me salvam, que me prendem e que me libertam. Você me levou presa em suas pupilas. 
Estou trancada nesse abismo de terras, mergulho na imensidão escura dos teus olhos e não tenho vontade de submergir. Deixa que eu fique mergulhada por algum tempo, me sinto em casa quando te olho. Como se eu já pertencesse a esse lugar, como se já fosse dito bem antes que o meu destino era morar em ti. Vejo meu reflexo nas suas escuras pupilas, eu desconfigurada, boba, e pateticamente alegre me olhando de volta. Eu que já cedi mais do que devia a esse par de olhos que não são azuis, mas me fazem mergulhar. Eu, que cada vez mais reluto em sair da tua vista.
Houve momentos de quase fuga em que procurei alguma brecha onde pudesse escapulir, mas tem sempre alguma força que me joga de volta no teu mundo. Tem sempre você aparecendo numa noite ou outra, uma música que te chama, uma saudade que grita que não dá pra voltar atrás, minha casa é aí. Minha casa são teus olhos. Tentei sair com uma lágrima, mas ela me dilacerava demais. O mundo dos teus olhos brilhantes não combinam com a tristeza de uma lágrima, portanto resolvi ficar. Talvez com alguma estadia maior eu conseguisse curar o estrago da pequenina e destruidora lágrima. Só que a estadia acabou se tornando cada vez mais longa, mesmo com os danos parcialmente recuperados, eu ainda quero ficar. E já não é mais por uma lágrima, é por mim. 
Gosto do teu aconchego, do jeito que quando vai dormir para e pensa em mim um pouquinho. Ali, dentro dos teus olhos, seus sonhos são passados como filme numa grande tela. Eu te vejo relembrando aquele tarde no parque, meu rosto focado e meus olhos te olhando quase que por dentro, tentando decifrá-lo, quando na verdade você é que me decifrava inteira sem que eu percebesse. É bonito ver a forma como lembra de mim, como ainda guarda com carinho cada memória. É verdade que moro em teus olhos, que tô contigo a qualquer passo, mas é verdade também que isso não alivia nenhuma saudade. Que a vontade é de te ter sempre ao lado, pra contar a história do filme que tá passando, ler com a sua companhia e ouvir seus resmungos de impaciência com uma coisa ou outra. 
As vezes penso que vou sumir, fico escondida no meio de tantas outras pessoas que aparecem pra te ver que me dá medo de desaparecer. E por mais que eu me agarre em uma coisa ou outra não sou tão forte. A vida se encarrega de deixar o tempo passar, e eu vou passando também. O relógio tem hora que pede pra que eu me vá, mas também não sou tão forte pra desistir. Por mais que o relógio grite, que eu sinta falta do meu pedaço que ficou nos seus olhos, não me vou. Estarei sonhando com você todas as noites, seja aí te assistindo ou aqui, te escrevendo. Seja eu aqui e você lá. Seja eu lá e você aqui. Seja a gente junto ou separado. Eu tô nos teus olhos, e você nas minhas palavras. Desliga o relógio, hoje é domingo e você pode dormir um pouco mais... o filme vai começar. 

Olá gente! Esse é mais um texto de romances, e acho ele ainda mais especial por falar de algo que sou apaixonada: olhares. Quem não é? haha. Bom, primeiramente gostaria de agradecer á aqueles que torceram por mim nos vestibulares, mas não foi dessa vez. Cursarei Letras (será que tinha alguém interessado em saber? enfim) e vamos ver no que dá, não é mesmo? Ah, agora dá pra comentar pelo facebook aqui no blog, comenta aí! Beijo no coração.