outubro 18, 2012

Dezessete numa quinta



Hoje eu queria escrever sobre mim. Sempre é, sempre sou eu contando minhas histórias mais banais em meio a entrelinhas e diálogos sonhadores, mas hoje eu realmente queria falar de mim. Só de mim. Conversar comigo, pedir uns conselhos pro meu passado ou deixar o futuro mesmo me dizer qual é o caminho certo, perguntar se tá tudo bem, se o coração tá calminho, como anda a saudade... Falar de mim. Porque hoje não é só mais uma quinta feira, hoje é a minha quinta feira. E eu sempre achei quintas agoniantes, essa então, tá me matando. O ano tá acabando, sempre acaba mais rápido quando passa o aniversário, e a minha vida tá prestes a mudar pra um lado que eu não faço ideia qual seja. Ficar ou ir, continuar ou acabar, fugir ou lutar, sorrir ou... Mais cinco minutinhos vida, eu ainda não sei se quero crescer. 
Mas esse é o ano. O tão esperado, o das surpresas, acontecimentos, decisões para uma vida inteira. E tudo fica tão mais sufocante numa quinta feira em que se faz 17 anos e sente-se com dez, esperando a mãe chegar para te dizer que tá tudo bem, vai dar tudo certo. E se não der? E se meu sonho não for alcançado agora? E se eu tiver que ficar? E se eu chorar? Tá um dia bonito, tem umas nuvens bonitas no céu, mas aqui dentro tá tudo nublado. Interrogações chovem e batem na janela gritando respostas. Mas eu não sei nenhuma. É aquela coisa, na hora da prova sempre dá branco. Deu branco agora, não sei mais nada. As minhas certezas escorreram pelo ralo junto com a água do chuveiro. Tudo fora tão bem planejado, que o pleonasmo me desculpe, mas minhas certezas sempre foram absolutas, pra chegar na hora e dar o branco. Mãe, acende a luz, tá escuro aqui e eu não gosto muito, acho que tem um monstro no armário. É o futuro. 
O último ano, o ano das mil e umas mudanças, e pra mim, digo que foram mil e duas. Como se a minha vida toda tivesse esperado esse ano para nascer. Nasci lá em janeiro, em julho já era uma adolescente deixando os sentimentos sempre gritarem mais alto que qualquer razão, e agora, adulta, tenho que pensar com clareza. Tomo a frase dos adultos reais: quero voltar a ser criança. Não adolescente, porque a gente sente demais, sofre demais, exagera. Adolescente é tudo ao extremo, e por isso eu tô aqui me sentindo uma adulta só porque tô com dezessete e tenho que decidir minha vida em algumas semanas. Não passa de ser mais um exagero. É só dezessete, são só algumas provas, é só a sua vida... E seu sonho, desde pequenininha, de ir lutar por uma carreira, para trabalhar, ir viajar, sair da casa dos pais e ser você. Lutar por você. Tô lutando por mim agora, já começou, mas acho que perco esse primeiro round. 
Cada aniversário me deixa ainda mais confusa. Nunca gostei muito de números ímpares, talvez seja por essas e outras que esse dezessete tem ficado martelando na minha mente durante a semana. Fosse dezoito, dá pra dividir por dois e ainda sair por aí dirigindo uma moto velha sem destino nenhum. Mas eu nem tenho moto, nem carteira, e nem muito menos dezoito. Fico com os dezessete mesmo, que a gente transforme esse sete em número místico e deixe o fim de ano ainda mais mágico. Engraçado é que por mais que eu tente, a minha conversa sempre gira em torno de escolhas, de faculdade, de vestibular, de estudos deixados pra trás, eu já não me aguento com os mesmos assuntos, mas não sei dizer outra coisa. Meu espelho já não gosta mais das minhas anotações pregadas, minhas olheiras, e os olhos murchos. Onde foi parar os olhos grandes que todos diziam? Talvez se perdeu entre uma literatura e outra, numa madrugada de insônia ou numa sala de aula. 
Mas eu também tô aqui pra deixar um conselho bom pra mim. Só pra lembrar que por mais que a gente chore, que tenha essas crises de dúvidas, que tenha medo de escuro e vontades inalcançáveis, tô aqui. Eu sempre tô aqui pra mim, e a gente sai dessa, de um jeito ou de outro. A esperança dá a mão pra força de vontade e superamos mais alguma barreira, só pra no final ter um cantinho nosso, com um gato ou dois, várias canecas numa cozinha pequena, o rádio ligado alto na sala e um quarto apenas. Ter a minha vida, simples que seja, mas só minha. Tô me esperando no futuro, me dando forças para que esse dezessete passe bem. Coloca um sorriso, o fim do ano já é amanhã e a vida só começou. 

Parabéns pra mim! 

3 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns!!!!!
e calma pequena... 17 passa rapidinho!

Jessica disse...

Parabéns pelo aniversário e pelo texto.
"O ano tá acabando, sempre acaba mais rápido quando passa o aniversário...'= pura verdade!
É uma época que você vai sentir saudades, te digo. Viva bem para que as saudades sejam boas.
Sucesso na sua caminhada!

Melissa Espínola disse...

Parabéns! Só queria dizer que os 17, as neuras,os vestibulares, as provas, as decisões e indecisões, a vontade de ter certeza, a falta de tempo pra si própria, o abandono da vida social, a adrenalina, o medo, a ansiedade, a maioria dessas coisas vai passar por um tempo e depois voltar novamente, só que nessa volta você vai estar mais madura e tudo isso vai virar saudade...O ano que eu tive 17 foi o ano mais intenso da minha vida, e eu sinto falta daquilo tudo, passa tão rápido que você nem percebe.Sorte!