julho 17, 2012

"Me abrace apertado, não me deixe ir"



A música toca um refrão onde as vozes do moço e da moça afinada se misturam repetindo sempre "me abrace forte, não me deixe ir". Então é isso, me abraça bem forte agora e não me deixa fugir. Sim, estou prestes a esperar qualquer descuido teu para escapar-lhe entre os dedos. Não que eu realmente queira, na verdade, seu abraço tem sido os melhores que eu poderia pedir e eu acho que é exatamente por isso que me vejo prestes a fugir de tudo isso. Não posso me deixar assim, dependendo dos braços de alguém para me sentir segura. Não posso continuar a sentir que só o teu corpo pode me aquecer nessas noites frias. Preciso fugir, estou saindo do controle. O coração está prestes a falar, e esse, tem que manter-se quietinho, escondido, batendo de leve como se nem existisse. E não existe mesmo, não existe, não existe... Existe. E anda batendo mais forte agora, acho que é porque daqui a meia hora tu falou que vem.
Seu abraço me sufoca, mas ainda assim eu não quero sair. Não agora. Minto que são só mais alguns minutinhos, mas talvez eu quisesse mesmo passar a noite aqui. Não posso. "Não me deixe ir, não me deixe ir.." acho que o cd riscou ou simplesmente parei de focar em outras partes, tirando a minha precisão de fugir do mundo. Do mundo você, melhor dizendo. Não, não me olha com essa cara que não quer que eu vá e que anda gostando muito da minha presença, por favor, diz que eu tô irritante e preferiria estar em casa assistindo algum reality show ridículo da tv aberta. Não, não diz que estar comigo é melhor que qualquer jogo. Vamos, ressalte algum defeito, não fica aí recitando minhas qualidades como se eu fosse a menina perfeita. E não, por favor, não me chame de perfeita nem linda nem fofa nem meiga nem... sua. Talvez eu queria, e muito, ser totalmente sua. Talvez eu até esteja me tornando sua, o que é um terror, mas não me pede essas coisas. Eu sou minha, não sei me dividir. Não sei não me entregar completamente a alguém, e eu não quero, não posso, de novo não.
Agora vamos voltar a focar na primeira parte, a do abraço forte, vamos, me abraça. Que ironia, pareço encaixar-me perfeitamente nos teus braços. Não que eu tenha reparado nisso, muito menos em como seus braços são acolhedores. Nem muito menos em como seus pelos se arrepiam quando toco-lhe o pescoço. São coisas bobas, todo mundo nota. Não nota? Talvez você devesse me deixar ir. Tudo bem, vamos fingir por um momento que você realmente esteja me trancando em seus braços, que o fato de que eu fuja te magoe profundamente, não que eu duvide disso, mas eu exagero. Sempre. Você sabe disso tão bem, consigo ouvir sua voz sussurrada dizendo "larga de besteira, nem tudo é tudo isso". E não é mesmo. Eu não sou tudo isso. A minha vontade de fugir nem é tanta, o seu amor nem é tanto. Só que esse pouco, que também não é muito pouco, nem muito, já faz com quem minhas noites percam a calma.
Eu, que não gosto tanto assim de você, sinto o mundo ficar meio triste sem a tua presença. Eu, que nem preciso tanto assim de você, sinto muito frio quando não me abraça. Eu, que nem gosto tanto assim da tua voz, imagino você lendo tudo que escrevo. Eu, que nem acho tão legal assim tua risada, me peguei ouvindo ela pelos meus sonhos. Eu, que nem sonho tanto assim com você, acordei com a tua imagem na cabeça. Eu, que nem amo você, tô escrevendo esse texto. Mas eu sou exagerada, sabe como é, "nem tudo é tudo isso". Só que, por favor, não me deixe ir. Me abraça apertado, isso, e canta pra mim baixinho no meu ouvido aquela música. Ela nem é tudo isso, mas no momento ela vale tudo. Não me deixa ir, porque, por mais que a fuga nem seja tudo isso, a volta nem sempre é certa. E, ficar sem você, mesmo não sendo tudo isso, dói um tanto. Um tanto bastante.

Escrevi esse texto já tem um tempinho, talvez sirva.

Um comentário:

Lipe disse...

"So Baby, hold on tight
Don't let go (...)"

Muito bom, parabéns. ^^