fevereiro 12, 2012

Proíbo-me.


Devo desculpas as palavras, devo desculpas a esse bloco, e principalmente á mim. Não posso mais continuar assim, evitando a escrita. Me desculpa? Eu realmente não queria que as coisas chegassem a esse ponto. Não, tá tudo bem, a vida tá bem, tudo tranquilo, só me proibi de vir aqui. Me proibi de escutar músicas tristes com um bloco aberto. Me proibi de escrever cartas para desconhecidos. Me proibi de tentar deixar qualquer inspiração aparecer, mas ela realmente não quis me aparecer. Não do jeito que eu esperava que ela aparecesse. Quero inovar, não aguento mais esses meus assuntos clichês. Mas eu sou clichê. Então eu desisti de me proibir, liguei a música e estou aqui. E isso tudo continua sendo muito clichê. Nunca me levo a sério, deixo sempre o coração gritar mais alto que a razão e fico me lastimando depois. 
Ainda estou sob supervisão, não posso deixar que as palavras preguem outra peça em mim, por isso escrevo uma frase e logo releio pra ver se realmente posso escrevê-las. Acho que estou indo bem, mas a vontade de escrever cresce a cada letra. Eu preciso muito disso tudo. Eu preciso desses blocos abertos na madrugada, das minhas músicas, das minhas saudades, da minha nostalgia extrema pra que eu consiga deixar meus dias inteiros. É, sou desse jeito mesmo, se não doeu ainda é porque não tá completo. E eu não estava completa até vir aqui. É como esse negócio de abrir a geladeira pra pensar, eu ligava o computador e ficava vagando entre sites, fotos, procurando o que eu já sabia. E a gente abre a geladeira já sabendo que tem louça pra lavar, tarefa do dia anterior pra fazer... Ligava o computador já sabendo que o bloco gritava meu nome a cada minuto. E fechava a geladeira. 
Estou enferrujada. Antes conseguia correr esse teclado e em poucos minutos já tinha aí um texto feito. Já deve fazer meia hora que não saio desse parágrafo. É difícil escrever, mas mais difícil ainda é voltar. Onde foi parar aquele coração que gritava a cada frase? Doía, é verdade, mas era eu. Agora sinto que estou deixando-me presa enquanto outro alguém, mais sensato, escreve no meu lugar. Ei, por favor, eu quero voltar. Quero escrever novamente dos meus clichês sem me preocupar. Não consigo mais. Até escrevo, mas escrever e deixar guardado deixa a gente com um vazio no peito. É aquela coisa que você lê umas dez vezes e quer que a pessoa entenda, que a pessoa sinta também, mas aí lembra que só você leu. Só você entendeu. Só você sentiu.
Acho que ficarei de castigo, exagerei. Não vou apagar, meu eu sensato agora está preso e estou me libertando de toda essa prisão. Sei que a culpa vai cair em menos tempo do que imagino, mas não há nada que eu possa fazer. Não consigo mais deletar. Me deletar. Me proibir. Estava deixando de viver aqui. É tudo tão clichê, eu sei, mas eu sou clichê. Me torno ainda mais clichê por me considerar clichê e... Enfim, eu estava com saudades. Mas eu também sou feita de saudades, cê sabe, é complicado. Entretanto as palavras sobressaíram qualquer outra saudade e cá estou eu, fugindo da prisão e escrevendo. Não diria "escrevendo-te" porque já não escrevo pra ninguém, eu "escrevo-me". Porque quem mais precisa desses textos sou eu. 

Foram difíceis esses dias sem escrever. Voltei!

8 comentários:

Laís Pâmela disse...

Lara,
Andei um tempo bem enferrujada, e fugi da escrita por medo de falar de amor. É, eu também sei ser clichê!
Mas a escrita veio atrás de mim e me alcançou. E junto com ela veio um punhado de conselhos, e os escrevi e os li todos os dias na frente do espelho.
E prometi, se for pra escrever o clichê, vamos escrever. Mas que seja verdadeiro.

Beijo.

Jade Amorim disse...

Eu passei quase um ano sem escrever, afogando-me em leituras. Parecia que tudo que eu queria escrever já havia sido escrito por um outro alguém, e melhor.

Então eu parei, lia de dia e de noite, dormia nas horas que não eram para dormir, escrevia na cabeça para mim mesma quando dava aquela inspiração repentina, na hora que havia alcançado o papel, as palavras já tinham fugido.

Me identifiquei demais com esse seu texto, todos nós temos esses momentos de se proibir de algo.

Beijos.

Unknown disse...

Amei seu blog *-* Muito lindo (:
Ja estou seguindo, se quiser visitar o meu....
http://foreveryoungl.blogspot.com/

Bjos (:

Ana Carolina Lima disse...

Todos nós temos nossos momentos sem escrever. Mas passa, e a gente acaba voltando para esta vida. Este amor o blog. A vontade de escrever, tentar ao menos.

Ana Luiza Cabral disse...

Não podemos permitir que nossos pensamentos, mesmo repetitivos estacionem. Mas é, nos proibímos. É preciso se impor, mesmo que as vezes escrever, seja só o silêncio, mas da alma. Quando o que nos requer é muito o que falar, precisamos deixar, que venha. "As palavras sempre hão de vir."

Um beijo.

Carla Ribeiro disse...

Me arrepiei lendo o seu texto, Lara. Estou há umas duas horas lendo blogs e comentando e o seu texto foi o mais lindo até agora por que me encontrei por dentro das suas entrelinhas.

O cansaço moendo as palavras que antes pertenciam a alguém e agora voltam vazias fazendo eco no nosso próprio silêncio. É escrever pras paredes, escrever sem leitor, não escrever.

Mas escreva assim mesmo, nem que seja só pra você mesma e pra gente que pouco entende e mesmo assim comenta. Escreva cuspindo suas próprias tristezas e as alegrias que ficaram espremendo a caneta e não deixando as palavras escorrerem.

Tristeza motiva, música inspira, mas talento mesmo? Nasce com a gente.

Não desperdice o seu, não abandone seu dom. Escreva, liberte-se. Por que, como você disse, quem mais precisa desses textos é você.

Um beijo.

Marcelo Soares disse...

Acho que isso é uma coisa super comum em épocas comuns da nossa vida, menina Lara rsrsrsrsrsrsrsrssss. Sou a maior vitima de falta de escrever.
E seja bem-vinda a fase de 'escrever-te' <3

Beijo

Anônimo disse...

Nossa, quanto tempo eu estava sem vir aqui. Confesso que vim no momento certo. Que droga, Lara! Como é possível você pensar o mesmo que eu? Realmente eu precisava ler isso, obrigada. Aliás, eu também voltei.