janeiro 22, 2012

Entrelinhas.


É manhã. Acho estranho isso, nunca tive vontade e muito menos conseguira escrever qualquer linha que preste com um sol brilhando na janela. É tudo bonito demais, claro demais, limpo demais. Minha escrita sempre fora escura, suja, feia. Não escrevo de sentimentos bonitos, é difícil fantasiar tanto. Mas tu fala do amor. Falo, mas ele nunca foi algo bonito comigo. Por que hein? Por que o amor não pode simplesmente bater na porta e me invadir de um jeito bonito? Eu preciso continuar nesse ritual maníaco e nostálgico de uma pseudo escritora? Caramba, eu só tenho 16 anos, sou uma adolescente que deveria sei lá, fazer uma tatuagem escondida, colocar um piercing, fugir de casa, essas coisas que adolescentes revoltados fazem sabe? Mas a tatuagem eu já tenho, o piercing também, e se eu for fugir de casa vai ser pra sua casa.
Isso não é bonito. Pode soar como algo romântico, mas não é. O amor não é bonito comigo. Por que? Tô aqui pra reclamar mesmo, para quem eu envio as sugestões de como eu queria que fosse a minha vida? Se eu enviar hoje a carta até que dia tu me garante que eles vão fazer alguma coisa pra mudar? Tempo indeterminado? Cê é louco? Eu quero agora. Não me olhe com essa cara de que está de frente a uma criança fazendo birra, eu mereço, fui uma boa aluna, uma boa filha, uma boa amiga... Cadê o prêmio de recompensa? Tu sabes do que eu tô falando, eu só quero uma pitadinha de amor bonito em mim. Vai lá, é só pegar aquele pózinho que você guarda na gaveta e jogar em mim, tudo bem que eu precisaria de uns três quilos pra ver se faz efeito, mas uma pitada já me faria feliz. Ele me faria feliz. 
Mais entrelinhas. Amor, por que tamanha confusão? É divertido pra você? Porque sabe, pra mim não tá tendo um pingo de graça. Não tô aqui fazendo estágio de palhaça pra nenhum sentimento bobo, e isso serve pra você amor, é, te acho muito bobo. Sim, eu sei que mesmo te achando bobo eu nunca deixo de te citar, de te querer por inteiro e não só essas pontadas doídas, mas não dá mais pra ficar nessa enrolação. Cê acha que o meu coração é o que? Um circo onde você pode trazer todos os seus amiguinhos sentimentos doídos pra me visitar? Falando nisso, tem vários aqui dentro ainda, já passou da hora de você vir buscar. Sabe, eu queria que pelo menos uma vez o amor desse certo e eu conseguisse escrever aqueles textos de dar suspiros nos outros, que desse aquelas borboletas e as pessoas pensassem: cara, essa aí é amada e ama também! 
Agora ficou claro, não ficou amor? Eu não queria dizer com as palavras o que eu ando precisando, por isso deixei aí no meio, tu já entendeu o recado. Sim, mais entrelinhas. Tenho que me acostumar, minha vida gira em torno delas. Pra que né? Ô coisinha que me chateia, essas tais entrelinhas. Eu sou insegura e aí o mundo me vem com vocês, eu não quero entrelinhas, dá pra ser direto? Precisa mesmo me perguntar da estrela lá da puta que pariu pra dizer que olhou pro céu e pensou em mim? Só diz que olhou pro céu e me viu lá oras! Mas ele nem olhou pro céu... Amor, o recado está dado, espero uma resposta logo, tu me conheces, esperas me dilaceram, então trate de vir logo. 

A música que me inspirou pra esse texto:



"Partida não dita, não falada
Olhos bem fechados, não abertos
Você e eu
Sempre nas entrelinhas
Nas entrelinhas."

8 comentários:

Luiza Fritzen disse...

Ninguém gosta de esperar. Amor então é o que mais custa esperar. Só que vale a pena, pra um dia o amor dar certo, irmos com calma, passo a passo. Pressa parece ser vital, mas é tão bom aproveitar cada segundo, sem correr ou se precipitar. Você é realmente nova, ambas samos, e por sermos românticas, o amor parece nosso oxigênio, por isso não deixemos que ele seja tóxico e que venha então a nossa hora, o nosso cara, o nosso amor.
Beijões

AquilesMarchel disse...

aae pessoa dificil

vc escreve bem embora longamente mas é tao cadenciado e ritmico como musica que nao da pra nao ler tudo
recado dado

um pouco de revolta faz bem a escrita e a nós mesmos

Gabriela Freitas disse...

O amor é complicado mesmo, Lara, sei bem disso, ainda não vi a parte bonita dele, mas espero um dia ver, como sei que você verá também, todos veremos.
"eu só quero uma pitadinha de amor bonito em mim..." é, eu também.
Aliás, posso usar essa frase na introdução de um texto meu? Com os créditos, claro, adorei.

Hugo Renato disse...

Lara, parece que estou em uma dança quando estou lendo teus textos... Essa conversa que tu tens consigo mesma, com o leitor, com teu amor e com um desconhecido, tudo junto! Isso é bem louco, é bem convidadito. Amo muito esse jeito de escrever, tira o monotonismo típico dos textos looongos... rsrs. Abraço.

Milena Lobo disse...

Sabe eu admiro a sua forma meiga de falar de revolta rsrs e pelo contrario sentimentos como ânsia e tristeza não são para mi eles chegam a ser tão limpos que doem de tanta clareza da existência deles em nós.
Todos nós queremos um amor,escritoras então nem se fala! Parece que temos um bichinho interno pedindo alimentos em forma de sentimentos então em troca ele nós dá belas palavras para escrever. Mas calma, logo chega e tenho certeza que será tão doce quanto vc menina! Beeijo :)

Jota disse...

A verdade é que o amor é uma entrelinha da vida. Ele fica ali, escondidinho atrás de uma boa conversa, um tempo frio e um bom livro. Talvez ele também passei entre olhares, puxões de orelha e conversas sem sentido. Amor é tudo, enfim.

Adorei seu blog (:
Beijos ;***

Yasmin disse...

Não vou te dizer clichês, até porque sei perfeitamente que eles não vão fazer sentido algum para você, na forma em que você está. Te entendo, entendo a raiva, entendo a situação, entendo tudo... já estive assim e dá uma revolta, não é? Sempre fizemos tudo certo, da forma como deveria ser, e nem um pouquinho de felicidade ganhamos em troca. Dá raiva, sei que dá. Também não vou te dizer para esperar, porque já deve estar cansada disso. Só tenho de desejar que tenha logo tua recompensa, porque tenho certeza de que ela virá.
Ótimo texto, e adorei a música!

Yasmin disse...

ps: faço das palavras do comentário da Luiza , as minhas!