dezembro 02, 2010

No calor dos olhos e olhares do sol.

    Era como se tudo parasse. Como se o sol perdesse o brilho forte e o calor escaldante. Como se o vento perdesse a leveza e o refresco. Como se minhas pernas perdessem os movimentos, como se meus olhos secassem mas ao mesmo tempo se lotassem de água a todo momento obtendo assim uma imagem embaçada de ti ao longe. Como se meu coração se estilhaça-se em mil, mas continuasse batendo. Como se eu morrera, e continuasse ali, parada. Posso parar a vida? Tá doendo muito, muito, mesmo. 
    Você parado ao longe, braços cruzados, olhos nos meus, e a única coisa que eu consigo pensar é que volte, que corra esse longo gramado entre nós, enfrente o orgulho, o erro, agarre o perdão com força e me agarre também. Me pegue pelos braços e me abrace forte, igual fizemos naquela segunda feira fria de inverno uma vez. Tudo foi longe demais. As vozes se elevaram demais, as lágrimas caíram demais, o palavreado caiu demais, e o amor se distanciou demais. Só não pare de me olhar, deixe que seus olhos durmam em mim como faziam em meio as nossas aulas tediosas, deixe-os aqui pra me confortar que pelo menos eles eu ainda tenho por esse pouco tempo. Porque sabes, eu não tenho força pra tirar os meus. 
    Me veio na memória aquela tarde de abril, onde você encenou uma briga e se fora, me largando ali com o coração na mão a ponto de quebrar. Depois eu te vejo ao longe, vindo de repente com um buquê de flores e alguns bombons em mãos e me pedindo para ser sua. E eu fui (ainda sou). Ali ficamos curtindo aquela hora de início de amor, sem se importar com a pessoa estranha no banco do lado, com a mulher que chorava na rua da frente, sem se importar com o futuro que nos aguardava. Vai lá, corre pra lojinha da esquina e compre nem que seja uma bala, e me diz que era brincadeira. Diga que ainda me ama, que isso não passou de mais uma bobeira sua, que eu sou a menina mais especial que conheceu, e que ainda teremos anos e anos juntos. Por favor, vá, corra lá. 
    Lágrimas, como conheguem vir com tanta ferocidade? Como pode doer tanto assim, sem haver nenhum corte? Nunca pensei que o amor me machucasse dessa maneira, muito menos que você pudesse me deixar assim. E com um último fio de voz que ainda me resta, eu gritei "Não, por favor, não faça isso..." mas era tarde. Seus olhos tomaram outra direção bem lentamente, e você seguiu seu caminho. Chorei, deitei-me naquela grama e ali me desmontei em lágrimas. Gritei, ninguém ouviu. Chorei, ninguém consolou. Morri, mas ninguém enterrou. Por fim me levantei, e o sol me guiou. A dor tá forte, o coração tá quebrado, os olhos estão inchados, mas o sol voltou. E o vento acabou de lamber meu cabelo. A cada passo eu juntava um pedaço aqui e ali, até agora tô indo bem, mas inteira jamais voltarei a ficar.  

Sim eu sei, o texto ficou grande. Muita gente não vai ler, muita gente vai odiar, mas eu precisava postar. Espero ter sorte nessa vez para a 45º edição visual do Bloínques. Se você leu até aqui, deixe seu comentário, será muito importante pra mim. Todos são, mas agora é mais importante. Muito obrigada desde já. @MEscritas #MemoriasEscritas

17 comentários:

Elania Costa disse...

Lara,primeiro, boa sorte, ficou lindo (eu li todo viu). É uma coisa tão real, que me machuca só de ler, fere-me o coração só de imaginar, e sei que nem é real... :/

Ah, sobre a música no post, tá aqui um link, pra vc baixar, lá tem as informações :)
link: http://www.4shared.com/file/YdqhQOpe/Colocando_msica_na_postagem.html

Larissa. disse...

nossa, muito comovente o post! é lindo, triste, demais.. :/
essa energia que voce consegue por em cada pequena palavra é incrivel!
lindo!

mudando de assunto, vejo que os seguidores estão aumentando! *-*
fico feliz, espero que consiga sua meta logo logo! haha

mil beijos

Cândida disse...

Olá querida, tudo bem?
Adorei conhecer o teu blog, de cara já me apaixonei por esse post. Super bem escrito, intenso e verdadeiro! Parabéns pelas belas palavras :)
Quando um relacionamento tão forte chega ao fim, dói, dói muito mesmo, eu sei. Mas a vida continua, sempre continua. Como diz Clarice Lispector: "Deve-se viver apesar de". Embora inteiras não voltemos a ficar, temos que seguir com o que resta.
Beijos e boa sexta-feira!

Jeniffer Yara disse...

Confesso que estou sem tempo pra ler o texto,mas pelo que li de outros,concerteza esse também deve ser bom *.*
Boa sorte na edição ;)

Beijo

Maria Caroline disse...

De boa uma das coisas mas ''foda'' que eu já, lindo demais. Cheio de coisas la do fundo, tão verdadeiras, tanto sentimento em cada palavra. Parabens, é só isso que posso te dizer.. continue assim, gosto doque leio aqui! =)

PS: estava sumida mas voltei! rs
Bjs

Anônimo disse...

Eaí, a boa é que eu amei o seu blog!

Vou te seguir!

Um beijo, flor :*

http://happinesshared.blogspot.com/

Anônimo disse...

Então, eu não ia comentar o texto, mas já que você julga importante...

Eu sei como é estar quebrada por um amor, principalmente quando um não ama... Dói muito, principalmente quando se está sozinha. Parece que isso nunca mais vai embora, e todo esse vazio que repentinamente surge quando a noite cai, traz muitas lágrimas e banham o travesseiro que é agarrado com muita força. Mas uma coisa a gente aprende, isso passa, você conhece outras pessoas, se apaixona mais vezes, a dor é aliviada e a alma não chora mais. A única coisa que resta, é a lembrança na cabeça e a memória escrita no blog... Ah, o meu tem muitas! :)

Boa sorte, linda. Um dia passa, o Sol nasce outra vez.

Beijos :*

http://happinesshared.blogspot.com/

Thais Miranda disse...

ficou muito lindo o texto, como sempre *-*

Camila Paier disse...

Sempre imagino que, aos trancos e barrancos, partidas e reviravoltas, muito do nosso coração fica pelo caminho. Por entre os bolsos de quem o possuiu. Nos resquícios de memória do outro. Bem assim, como tu escreveste. Lindíssimo, porque dói. Ainda assim, se fosse só o céu, lindo.
Beijos!

Anônimo disse...

Ai que texto lindo, tão triste mas lindo. Senti uma ponta da sua dor, pelo o que se desfez.
Machuca, fere e nos queima lentamente. Mas você ainda vê o sol, que pouco a pouco te aquecerá. Quando a falta machucar, olhe para ele.
Um beijinho!

Anônimo disse...

É flor, alterei temporariamente o link do blog e algumas outras coisas. Mas logo voltarei para o antigo. Algumas pessoas tentam pelo antigo e não conseguem acessar o blog. :)

Gabriela Furtado disse...

Lembrança é sempre algo perigoso.
beeeijos querida:**

Cami Ferrero disse...

Muito lindo esse texto, alias todo são lindos.

Vera disse...

Eu ía no inicio do texto e fiquei sem ar, chorei . Mesmo, identificavel, perfeito, real.
A sensação de ver que quem você ama já não está com você. Existe algo pior? Não.
As coisas são bem perfeitas no ínicio, bem 'conto de fadas' .. e depois? Depois os problemas aparecem. A distância, os desentendimentos.. até que o sentimento desaparece. Desaparece do seu lado, mas não desaparece do meu.. que fico aqui implorando para que não desista de nós.


Boa sorte <3

Unknown disse...

Lindíssimo texto.
Acredito que o amor, por mais lindo que seja, sempre nos fará perder a cabeça. Mas se reerguer e sacudir a poeira é sempre a melhor parte disso tudo.

Beijos!

Anônimo disse...

lindo demais seu texto amor !
sabe, acredito eu que cada um leva uma parte da gente sim, por isso, todos somos partes nossas e de outras pessoas também.
pode ser que você não se sinta inteira de novo com suas partes, mas com certeza, 'roubara' partizinhas de outras pessoas, e voce tem que aprender a se completar com elas. porque a vida é assim. tudo uma incognita.

Yasmin disse...

adorei, você escreve textos do jeitinho que eu AMO ler. Por isso, pode ter certeza: vou passar por aqui s-e-m-p-r-e :)

:*