junho 24, 2012

Me acalme





Eu nunca mais vou partir. A música repetia e repetia e repetia fundo na minha cabeça, o bar começava a ficar vazio e as poucas pessoas que sobraram ficavam cada vez mais bêbadas. Eu, um tanto sóbria um tanto não, mantinha minha melancolia com aquele meio copo de alguma bebida de nome russo. Sei lá, pra que ter nome? Bebidas são amargas, basta chamá-las de bebidas que já se entende. Não vejo diferença nesse meu aqui para o do outro carinha ali do lado, o da jaqueta de couro preta, mesmo que as cores sejam diferentes. Aposto que a dele queima na garganta tanto quanto a minha.
Na verdade eu não sei porque estou aqui ainda, já são quase cinco da manhã e eu ainda não consegui levantar. Mais cinco minutinhos. E estou nessa desde ás três horas. A música continua a mesma, é insuportável traduzir e conseguir entender poucas frases falando de amor. Quem vai para um bar e fica até as cinco não quer saber de amor nem pintado de ouro! Na verdade, eu queria sim ouvir muito sobre o amor, queria entender pra que serve, como se adquire, onde compro um quilo e como distribuo entre as pessoas certas, mas não sobre como ele não queria sair da cama dela. Pouco me importa, pois que fique então para sempre.
Desculpe, estou alterada. Eu sei, são complicadas essas coisas de bebidas e ressaca de sentimentos misturados, quero só ver amanhã. Ou hoje, melhor dizendo. O sol daqui a pouco está aí e eu continuo aqui. Poderia dizer que fica feio para uma mulher determinada e culta como aparento, mas é só uma noite, é só um bar, são só algumas bebidas e um coração defeituoso aqui dentro. Já vou indo e logo isso acaba. Pelo menos aqui, porque ainda no meu apartamento talvez tenha algumas lágrimas e a mesma música a tocar para me atormentar. Sim, eu sei o nome dela, e já canto o refrão que grudara na minha cabeça e perfurara o coração. Mas é só uma música, dane-se!
Pago a conta com certa dificuldade em encontrar as moedas finais, saio meio tonta e sigo reto em direção a uma rua que aparenta ser a minha. Deve ser. O chão parece dançar sobre meus saltos, a música não sai de mim e eu canto alto caminhando pelas ruas. Tem uma parte que fala de ajuda, algo sobre "por que você não me ajuda?", realmente, por que hein? Vem aqui, me pega nos braços e me leva pra sua casa. Não tô me oferecendo, não sou vulgar, só quero uma ajuda e talvez você seja a melhor pessoa nesse momento. Choro um pouco, sim, a situação é ridícula, sorte que o caminho é curto e logo já estava em pé na porta. Mas era a sua porta. Talvez minha casa seja você. Então eu canto, já recobrando os sentidos, no seu ouvido: "Wake you up in the middle of the night to say i will never walk away again, I'm never gonna leave this bed."


Memórias Escritas de cara nova!
O que acharam da inspiração Bela e a Fera?

2 comentários:

Heitor Lima disse...

Gostei do texto. Seu blog é lindo.
Visita-me?
;*

Brenda Quintino, disse...

Aaaadorei seu texto! E seu blog também, não sei como era antes, mas assim está lindo de viver. E A Bela e a Fera é tão nhaaw. Adorei, adorei! Curti no face e estou seguindo pelo Bloglovin'.