junho 18, 2012

"De mim, para mim"



Querida,
Eu sei que faz muito tempo que está querendo ouvir essas palavras, ou melhor, dizê-las. É, realmente faz tempo. Não é uma questão de querer, mas sim de precisar. Eu preciso muito ouvir-me, ler-me, falar-me. Anda tudo tão confuso, tem sempre aquelas milhões de dúvidas que qualquer ser humano na sua adolescência prestes a decidir sua carreira sente. Aquela pressão de vestibular, o colégio, as provas, o estudo que cada vez mais é deixado para trás por motivos cada vez menos importantes. E eu, que vou deixando-me para trás também junto com tudo isso e deixo toda essa carga de culpa, dúvida, medo seguir em frente deixando minha visão cada vez mais turva.
Mas a vida não é só feita de colégio e estudos, tem os amigos, tem a família, tem os amores, tem eu. Tem tanta coisa além. Tem tanto, mas as vezes eu sinto como se não tivesse nada, nem eu. Como se eu fosse um corpo qualquer que repete toda sua rotina como um robô. E as minhas vontades? Meus sentimentos? Sei lá, meu riso? Eu realmente queria ter rido daquela piada de ontem ou só ri por pura rotina? Eu não quero mais me ver presa em atos já programados. Cadê aquele negócio de "dar na telha" e fazer? É, eu sei que não foi legal esse negócio na semana passada, mas eu não quero ficar me martirizando com passado, e que essa frase eu a interprete de inúmeras maneiras e grave na alma. Passado? Chega! É o agora, fim.
Tô me escrevendo, tentando entender e desabafar tudo que me prende. Talvez eu devesse fazer isso mais vezes, quem sabe ajuda. Mas é tão difícil deixar assim, tudo tão á mostra. Estou nua aqui. Todos conseguem ver além do meu corpo, mas meus medos, desde de palhaços de circo até amar. Sim, eu tenho muito medo do amor. Até agora não consigo entender qual desses dois chega a ser mais infantil. Amar, é tão bonito, não é? Como é que uma pessoa consegue ter medo? Pois é, tambem não sei. Talvez seja coisas do passado, talvez seja coisa minha, ou talvez seja apenas frescura de uma adolescente insegura. Acho que fico com as três opções.
Eu não sei porque peguei esse papel e comecei a rabiscar essas palavras, simplesmente aconteceu. Agora estou aqui querendo tirar do fundo do coração qualquer mágoa e escrever, mas é difícil, tenho receio de mostrar até pra mim meus problemas. Eu preciso mesmo ficar relembrando? Deixa eles aqui dentro, sei, vai doer, mas dá tanto medo de que alguém um dia veja e arranque eles de mim ou faça com que eles fiquem maior. Posso confiar? E se machucar mais ainda no final? Dá tanto medo. Vou deixar um conselho pra mim, que eu sorria sempre. E só. Sorrir. Com sorriso tudo fica mais bonito, desde a foto 3x4 do RG á semana.
De mim,
Para mim.

7 comentários:

Tati disse...

Já dizia Dostoiévski, escrever é matar fantasmas todos os dias. Ao escrever sobre isso você além de refletir, vai encotrando soluções, ou não... Afinal, será que tudo na vida precisa de solução?
Te linkei lá no meu blog, se quiser dar uma passadinha e conhecer: www.nopaisdasentrelinhas.blogspot.com
Beijos
Tati

Unknown disse...

Olá,

Até parece com meu texto de ontem...

Acho que não é somente você que anda se sentindo assim.

Mas tudo passa, sempre passa.

Um beijo no seu coração

Flor

Taís Ribeiro disse...

Nossa, quanto tempo não venho aqui ! Vou voltar a passear pelo blogger às vezes. De qualquer modo, fico impressionada como você continua escrevendo tão bem e seus textos tem tanta... verdade ! *-* Parabéns, Larinha, o blog continua lindo :D
Bem, sobre o post, às vezes é bom escrevermos pra nós mesmos, não pra remoer as coisas, mas pra colocar tudo no lugar.
Lindo texto ! Beijos, fofa :*
p.s.: voltei com meu blog, se quiser dar uma passadinha lá depois,vou postar toda semana agora, rs :)

Bruna Corrêa disse...

Não canso de vir aqui no Memórias escritas, é como se eu fizesse parte daqui de algum modo, sempre que você escreve um texto é o mesmo que está se passando em mim. E eu fico feliz em saber que eu não estou sozinha nesse mundo, que na verdade existem várias pessoas com os mesmos problemas. É bom desabafar Lara, é bom se abrir, é bom colocar tudo pra fora pra ver se tira um pouco da dor que ta dentro. E você tem medo de palhaços também, menos uma pessoa pra rir de mim. Um grande abraço.

Jú Sodi disse...

Essa confusão é mais comum do que você pensa... E pasme, nem sempre ela passa... Pelo menos para mim não passou. Na verdade aprendi a conviver com ela...

Lindo o blog, adorei!

Olívia P. disse...

Pelo visto não sou a única a passar por essa confusão. Escrever para si mesmo pode ser uma saída pra tentar compreender-se, o importante é não se acomodar. Dê uma passada no meu blog, se puder. Beijos!

http://conteudodistorcido.blogspot.com.br/

Thaynara Cardoso disse...

É uma confusão entre estar e fazer, ser ou deixar ser. É uma dúvida sobre o politicamente correto, o ético, e a vontade louca de jogar tudo pro ar e viver. É a divergência entre o eu, e o mundo, e as responsabilidades e os amores. Mas o principal, é saber lidar, mas lidar de forma leve, sem pressão, só.. viver.

periencethefear.blogspot.com.br