janeiro 05, 2012

Uma foto na gaveta


O ano mal comeceçara e já me sinto presa a algumas nostalgias. Mais um ano se passou e eu deixei de viver como eu deveria, do jeito que devia, com quem merecia. Me rendi a memórias antigas de um coração apaixonado á tantos anos e só agora me dei conta do prejuízo. Eu poderia ter vivido. Hoje eu talvez não estivesse aqui relendo as coisas que você escreve, nem imaginando futuros contigo, porque talvez eu tivesse alguém ao meu lado nesse minuto. Alguém real. Mas não, eu preferi te guardar aqui como uma antiga foto que a gente guarda no fundo da gaveta, sempre com um sentimento especial e que, mesmo se passando longos anos, a gente tem dó de jogar fora. E eu esperei, esperei, mas a foto tá velha e embolorada. E o sentimento? Nunca embolora.
Vários me avisaram que isso poderia acontecer. A foto velha começou a espalhar bolores para as outras fotos mais recentes, estragou várias. Tu foi assim. Vinha estragando, aos poucos, os outros. Até que eu tive que deixar a gaveta só pra uma foto. Uma gaveta tão grande, com tantas outras fotos lindas, mas não, tu me tomou todo o espaço que tinha. Quando alguém abria a gaveta e me perguntava de quem era a foto o aperto no peito vinha, pois a foto não era minha. Tu nunca foi meu. Mas eu te guardava numa gaveta, sozinho, enquanto eu deveria estar no fundo de uma gaveta suas com outras várias fotos mal tiradas. Mas era eu ali, tu deveria ter um pingo de cuidado. Porque, pra mim, tu sempre tivera uma gaveta inteira.
Teve um tempo que mantive a gaveta trancada. Imaginei que fazendo isso estaria te trancando de mim. Boba! De vez em quando me pegava olhando a gaveta fechada por longos minutos, então corria pegar a chave e libertá-lo. Teve uma vez que eu deixei a gaveta aberta por muito tempo e o desenho da foto já estava indo. Tu estava sumindo. Não de mim, mas da foto. Porque de mim tu nunca sumira. No máximo me deixava ter um mês ou dois de leveza, mas logo logo voltava a me deixar com falsas esperanças. Só que ali, vendo a foto embaçar e o desenho sumir, foi dando um aperto. Você realmente já estava indo. A foto minha no fundo da tua gaveta já nem deveria existir, tu deveria ter jogado fora. E eu? Lembravas meu nome pelo menos? Acho que não. 
Tranquei a gaveta. Dessa vez pensei: "Chega, que essa foto suma, que tu desapareças para sempre, não aguento mais!". Foi difícil. Tive grandes recaídas, chorei grandes oceanos e escrevi dezenas de cartas. De repente foi parando, comecei a seguir em frente tentando esquecer a existência daquela foto, e digo que quase consegui. Quase. Estava chegando no 95% para concluir o esquecimento quando de repente o sistema trava. Era você voltando. E eu fui lá, corri pra ver como a foto estava e para minha surpresa ela nunca esteve melhor. Nenhum rasgo, nada desbotada, tu continuava inteiro, ali, sorrindo pra mim. 
A foto? Bom, ela continua na gaveta. Só que agora não sozinha, eu te gosto muito, mas preciso de mim. Hoje tu habita um coração cheio de pessoas, chega, teves a chance de ser só, agora não mais. Repito, te gosto muito, muito mesmo, mas a vida não me deixa mais fazer isso. Eu não me permito. Até porque, a minha foto aí na tua gaveta, está tendo que dividir espaço com outra. Talvez teremos uma gaveta só para as duas fotos, ou talvez guardaremos para sempre essa foto nas nossas gavetas. Só te juro uma coisa, não te jogarei jamais.

Mais um desabafo com as palavras... E aí, tem alguém que você vem deixando na gaveta por muito tempo também? Beijo no coração!

6 comentários:

Bruna Cerqueira *-* disse...

Lindo texto, Larinha

Bruna Cerqueira *-* disse...

Lindo texto, Larinha

Anônimo disse...

Olha, é a primeira vez que acesso o seu blog e digo uma coisa, quando li esse texto... foi como palavras fossem tiradas do meu peito!É exatamente assim, essa tal da foto por tanto tempo sozinha na minha gaveta,e vai saber como, se com tantas outras, lá no fundo, em outra. Já me conformei com essa foto que está mais para tatuagem, agora só falta eu esconder a chave em um lugar que eu não encontre nunca mais, e esquecer de procurar, pra deixar essa gaveta aberta de uma vez por todas!
Ps:. Se souber de um esconderijo bom, me avise, com urgência!
Ass: Mt.

Myst Romanov disse...

Ah, menina das memórias, eu tenho minha fotografia na gaveta.
Certo dia fui arrumar a gaveta, peguei a fotografia, e acreditando não me importar mais, eu a picotei e joguei no lixo. Passado passou.
Noutro dia fui abrir a gaveta e a foto estava lá. Intacta. O amor ás vezes é fantásmagorico.

abraços

Jeniffer Yara disse...

Tem várias pessoas que deixei na gaveta por muito tempo e não pretendo tirá-las de lá, rs Fez bem coloca-lo na gaveta, precisas seguir em frente, viver sua vida da melhor forma possível, não remoendo coisas e lembranças passadas :}

Beijos

Elania Costa disse...

Lara, todo mundo tem essa 'gaveta' e mesmo que não queira, ela vai continuar lá, mesmo que fiquei empoeirado, no momento que se quiser, ela pode ficar boa, limpinha. Gostei bastante sabe, mas esse teu texto, me fez abrir minha gaveta...e lembranças também.

um beijo